Jornal Brasileiro de Psiquiatria 1990
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Janeiro/Fevereiro

Aspectos gerais das escalas para avaliação de psicoses
Antônio Egídio Nardi, Luiz Paulo de C. Bechelli, Luiz Alberto B. Hetem
J bras Psiq, 39 (1): 3-11, 1990.
Unitermos: escalas de avaliação; esquizofrenia; sintomas positivos
Resumo
0 desenvolvimento de escalas de avaliação de fenômenos psiquiátricos provém da necessidade em aprimorara confiabilidade e validade do exame psiquiátrico, tornando-o mais científico e objetivo.
São apresentadas e discutidas três escalas de avaliação para pacientes psicóticos: duas escalas não específicas - Brief Psychiatric Rating Scale (BPRS) e Psychiatric Assessment for Rating Chronic Psychotic Patients (Escala de Krataiecka) e uma especifica para a avaliação de sintomas psicóticos positivos - Scale for the Assessment of Positive Symptoms (SAPS Andreasen).
Depois de analisá-las os Autores julgaram que as escalas de Kratoiecka e de Andreasen são mais práticas e podem ser utilizadas em estudos clínicos e terapêuticos.

O que podemos esperar da 10º CID?
Márcio Amaral
J bras Psiq, 39 (1): 13-16, 1990
Unitermos: psiquiatria; critérios diagnósticos; CID
Resumo
0 autor discute os critérios para o diagnóstico dos Distúrbios Esquizofrênicos; Esquizotípicos Delirantes; Persistentes; Psicóticos Agudos e Transitórios e Esquizoafetivos apresentados no Jornal Brasileiro de Psiquiatria de julho/agosto 1989 como resultado preliminar dos trabalhos da Comissão para elaboração do capítulo referente às doenças mentais na 10.° edição da Classificação Internacional de Doenças (CID). 0 autor pensa ter demonstrado que, a julgar pelo esboço apresentado, o capítulo referente à Psiquiatria na 10.° CID permanecerá à margem dos principais avanços recentes da pesquisa nessa especialidade e do movimento gerado pela psiquiatria, norte-americana que resultou na publicação da DSM Ill - R em 1985, cujos critérios diagnósticos são hoje aplicados no mundo todo para seleção de pacientes para pesquisas. Por isso mesmo, o autor considera que o capítulo referente à psiquiatria na 10.° CID já nasce condenado ao esquecimento.

Terapia ocupacional para pacientes psicóticos internados Estratégia em duas etapas: Grupos I e II
Ione Pereira Dias
J bras Psiq, 39 (1):17-22, 1990.
Unitermos: terapia ocupacional; psiquiatria
Resumo
0 autor expõe a evolução do atendimento no Setor de Terapia Ocupacional do Instituto de Psiquiatria da UFRJ, no período de março/85 a fevereiro/87, através de estatísticas referentes ao Projeto de Pesquisa: "Terapia Ocupacional para Pacientes Psicóticos Internados, Estratégia em Duas Etapas, financiado pelo CNPq, comprovando a contribuição da Terapia Ocupacional para a Psiquiatria.

A pesquisa em psicoterapia breve
José Carlos Borges Appolinário 
J bras Psiq, 39 (1): 23-26, 1990.
Unitermos: psicoterapia, pesquisa
Resumo
Enfocando a necessidade de estudarmos o campo da psicoterapia breve relacionando-o às aquisições obtidas com a pesquisa em psicoterapia em geral, o autor faz uma abordagem do estágio atual no campo da psicoterapia na sua busca de uma linguagem científica específica. São mostradas algumas aquisições obtidas na emergente ciência da psicoterapia e sua relação com o desenvolvimento da teoria e práticas psicoterápicas.

0 alcoolismo e o hospital geral Estudo de prevalência junto à demanda ambulatorial
Liz Maria de Almeida, Evandro da Silva Freire Coutinho
J bras Psiq, 39 (1): 27-32, 1990
Unitermos: epidemiologia do alcoolismo; hospital geral; prevenção
Resumo
Neste trabalho os autores apresentam os resultados de um inquérito para detectar alcoolistas crônicos, usando o teste CACE, em um hospital geral universitário - o HUCFF, da UFRJ. Quinhentos e sessenta e um pacientes ambulatoriais foram entrevistados. A prevalência obtida foi de 8, 4 %. O estudo da associação entre variáveis demográficas e sócio-econômicas e o teste CAGE mostrou significância estatística (p < 0, 05) para sexo e religião, sendo que para idade de início de consumo de bebidas alcoólicas, entre os consumidores, a significância situou-se entre 0, 05 e 0,70.
Discute-se o papel do hospital geral como local estratégico para detecção e primeira abordagem de alcoolistas, dentro de programas especiais de prevenção.

Repercussões do envelhecimento populacional
Sérgio Luís Blay
J bras Psiq, 39 (1): 33-36, 1990.
Unitermos: envelhecimento; demografia; psiquiatria social
Resumo
0 autor examinou as repercussões do envelhecimento populacional em quatro áreas: culturais, sociais, médicas e econômicas. Revendo a literatura disponível, o autor aponta para o impacto decorrente desta mudança demográfica.

Envelhecimento da pele e conseqüências
Paulo Lúcio Guimarães Pagnano
J bras Psiq, 39 (1): 37-41, 1990.
Unitermos: envelhecimento da pele; involução cutânea; derrotasse da pele idosa; ultravioleta e pele do idoso; conseqüências do envelhecimento cutâneo
Resumo
0 autor assinala que alguns especialistas distinguem entre envelhecimento e involução. 0 primeiro representaria o conjunto de modificações que ocorrem no organismo a partir do nascimento e a segunda, as que se instalam depois dos 60 anos, idade aceita convencionalmente como limite da maturidade. Dependendo da constituição genética, o envelhecimento poderá ser mais precoce ou tardio. Graus extremos de envelhecimento cutâneo prematuro são observados nas síndromes de senescência precoce (descritas resumidamente), nas quais por distúrbios genéticos enzimáticos, surgem nos primeiros anos de vida ou pouco mais tarde, alterações próprias da pele senil.
Relata algumas teorias, estreitamente relacionadas, que tentam explicar a involução do ser humano.
Destaca que o idoso apresenta várias alterações na pele, decorrentes do próprio processo de envelhecimento, combinado com a ação deletéria provocada pelo meio ambiente, principalmente pela luz solar. Indivíduos de pele clara, submetidos à irradiação constante de luz UV acabam apresentando atrofia acentuada da pele, ressecamento, descamação fina, lentigos, leucodermia, telangiectasias, ceratose actínica, queilite de lábio inferior, elastose solar e epiteliomas, alterações que refletem os danos na epiderme, derme e estruturas anexas.
Considera as alterações morfológicas, fisiológicas e físico-químicas observadas na pele do idoso e algumas condutas preventivas e terapêuticas para evitar que se acentue a secura da pele, para prevenir dermatites irritativas e diminuir a ação cumulativa nociva dos raios UV
Termina comentando sobre algumas alterações cutâneas e distúrbios do psiquismo.

Estudo duplo-cego comparativo entre buspirona e lorazepam no tratamento da ansiedade generalizada
Dorgival Caetano, José Ari C. de Oliveira
J bras Psiq, 39 (1):43-46, 1990.
Unitermos: buspirona; lorazepam; ansiedade generalizada
Resumo
Para avaliar comparativamente a eficácia e a tolerância da buspirona e do lorazepam no tratamento da ansiedade generalizada, foi realizado um estudo duplo-cego, em pacientes ambulatoriais, adultos e de ambos os sexos.
Entraram no estudo 37pacientes; 21 receberam
buspirona 5mg 3x ao dia e 16, lorazepam 1mg 3x ao dia, por quatro semanas.
A eficácia, avaliada através da escala de Hamilton para
ansiedade, foi similar para as duas drogas. A tolerância foi boa com ambas as drogas, assim como também elas foram equivalentes nos efeitos colaterais,. a não ser sonolência, presente só no grupo lorazepam.
Concluindo, as duas drogas são igualmente eficazes no controle da ansiedade generalizada, apresentam boa tolerância e equivalência de efeitos colaterais, exceto para sonolência que só esteve presente no grupo tratado com lorazepam.

Março/Abril

Psiquiatria biológica e depressões Hormônio do crescimento e prolactina
Carlos Augusto de Mendonça Lima
J bras Psiq, 39 (2): 55-67, 1990.
Unitermos: depressão e biologia; hormônio do crescimento; prolactina
Resumo
Este artigo resume alguns trabalhos feitos com a secreção do hormônio do crescimento e da prolactina em deprimidos. Os resultados são inconstantes mas permitiram avançar o conhecimento dos distúrbios neuroendócrinos em psiquiatria.

Estudo sobre a influência da interação entre os progenitores e o surgimento de esquizofrenia num dos filhos
Maria da Conceição Maggioni Poppe, Monique Medeiros Barros, Theodor Salomão Lowenkron
J bras Psiq, 39 (2): 69-74, 1990.
Unitermos: universidade; política de saúde; instituições; saúde mental; comunidade; modelo assistencial
Resumo
Este estudo resgata os primórdios do desenvolvimento da Terapia Familiar; e utiliza-se de uma revisão bibliográfica dos trabalhos de T. Gidz, que contribui com uma visão mais voltada para a psicodinâmica da família. Nossa finalidade foi aprofundar o conhecimento acerca do meio no qual vive o paciente
esquizofrênico e de como tal meio pode favorecer o desenvolvimento psicológico do indivíduo, levando-o a uma maior integração ou o surgimento da doença; para tanto partimos da abordagem do casal que dá origem a esta família.

Utilização de recursos psicodramáticos como instrumentos de promoção da saúde mental
Rosaly Salles Cleber, Eliana Brazil Protásio, Orientador: Raffaele Giovanni Giacomo Infante
J bras Psiq, 39 (2): 75-79, 1990.
Resumo
0 presente texto diz respeito à Monografia apresentada como requisito de conclusão do Curso de Pós-Graduação: Especialização em Saúde Mental e obteve conceito máximo pela banca examinadora.
Vinculadas a uma Comunidade de baixa renda da zona sul do Rio de Janeiro através do Projeto Rio Zonal Sul, as autoras fundamentando-se teoricamente nos conceitos psicodramáticos e relacionando-os ao teatro como instrumento que favorece a expressão humana criativa, fazem o levantamento das atividades culturais existentes na comunidade Chapéu Mangueira e do quanto essas sedimentam a identidade cultural comunitária.

Evolução dos resultados das atividades de uma unidade de urgência psiquiátrica de um hospital geral
Geraldo José Ballone, Marcos Lee Citti
J bras Psiq, 39 (2): 81-84, 1990.
Unitermos: psiquiatria de urgência; psiquiatria em hospital geral
Resumo
Os autores analisam os dados sobre as atividades de uma Unidade de Psiquiatria de Urgência em um hospital geral universitário. Comparam o número de atendimentos, de internações e de transferências para hospitais de crônicos de seis meses recentes com seis meses um ano antes e, desta forma, apontam as alterações principais nas características funcionais deste serviço de emergência psiquiátrica.
Finalizando, concluem comentando sobre possíveis acontecimentos funcionais capazes de comprometer a viabilidade de serviços com estas características.

Um lugar de violência. 0 lugar da psiquiatria Hegemonia; identidade e prática
Eduardo Cesar Guagliardi
J bras Psiq, 39 (2): 85-90, 1990.
Unitermos: vidência; psiquiatria; crise social e saúde mental
Resumo
0 autor, a partir de experiência profissional em instituição correcional para adolescentes, discute as questões da violência e da prática psiquiátrica.
Abordando os aspectos da luta pela hegemonia na sociedade de classes e da constituição psíquica da identidade de delinqüente, realiza uma contribuição teórica aos profissionais da área.

Maio/Junho

Dependência à amineptina Relato de caso e revisão da literatura
Fábio Lopes Rocha, Elke Passos
J bras Psiq, 39 (3): 103-108, 1990.
Unitermos: amineptina; antidepressivos; dependência; toxicomania; acne
Resumo
Os autores relatam um caso de dependência à
amineptina (antidepressivo de 2.°geração) em paciente com Distúrbio Limitrofe da Personalidade e história prévia de uso, abuso e dependência de outras drogas. Fazem uma revisão da literatura acerca desse antidepressivo e de outros casos de dependência a essa droga. Concluem enfatizando a necessidade de um cuidado especial na prescrição da amineptina a pacientes com risco de dependência e um maior rigor no controle do comércio de substâncias psicotrópicas, em seu pais.

Miastenia gravis e lítio Uma discussão acerca de um caso
Nina Leão Marques Valente
J bras Psiq, 39 (3): 109-111, 1990.
Unitermos: lítio; miastenia gravis
Resumo
Trata-se de um relato de um caso onde a autora discute uma possível implicação do carbonato de
lítio como fator desencadeante de Miastenia Gravis. Foi realizado levantamento bibliográfico, encontrando relatos de caso e citações que confirmam a associação entre síndrome miastênica e carbonato de lítio. 0 lítio estaria envolvido no aumento da atividade dos linfócitos T, assim como na diminuição da síntese e liberação da acetilcolina na junção neuromuscular

Tratamento do alcoolismo Resultados de uma experiência
Angélica M.L.S. Neves, Elizabeth Muylaert, Mariza de Aguiar Carraz Loureiro, Odete Luci Dip Chedian, Francisco de Assis Araújo
J bras Psiq, 39 (3): 113-117, 1990.
Unitermos: alcoolismo, tratamento
Resumo
Os autores tentam avaliar neste trabalho a eficácia e eficiência de uma estratégia de tratamento de alcoolistas desenvolvida num ambulatório previdenciário ao longo de 12 anos. Tal estratégia consistia em privilegiar a abordagem multiprofissional no ambulatório, a proposta de acompanhamento psicoterápico e a orientação da família. No momento em que por motivos ligados à Instituição, nos vimos na contingência de interromper o trabalho da Equipe, propusemo-nos a avaliar os resultados obtidos com a clientela. Neste trabalho apresentamos o levantamento de uma amostragem de casos, tentando caracterizá-los e situá-los ante o trabalho da equipe.

Psicoses no puerpério Uma revisão
Elie Cheniaux Júnior
J bras Psiq, 39 (3): 119-124, 1990.
Unitermos: psicose puerperal
Resumo
Não há patologia mental específica do puerpério. 0 parto atua como um fator desencadeante dos diversos distúrbios psiquiátricos, principalmente das doenças afetivas.
As
psicoses puerperais estão relacionadas a primiparidade, uma história pessoal ou familiar de doença mental, as alterações hormonais e estresses psicossociais.
No pós-parto, são especialmente comuns os sintomas
psicóticos e a confusão mental. Esta, associando-se aos sintomas afetivos ou esquizofrênicos, tende a tomar o quadro atípico.

O emprego dos agentes bloqueadores dos canais de cálcio na psiquiatria
José Carlos Borges Appolinário
J bras Psiq, 39 (3): 125-130, 1990.
Unitermos: canais de cálcio, agentes bloqueadores; lítio, ação intracelular
Resumo
Os chamados agentes
bloqueadores dos canais de cálcio têm sua eficácia já estabelecida no tratamento de determinadas patologias cardiovasculares. Seguindo a orientação atual dos estudos farmacológicos seu uso tem sido proposto em vários outros campos da medicina. 0 autor efetua uma revisão sobre o possível uso dos agentes bloqueadores dos canais de cálcio na psiquiatria partindo de seus pressupostos hipotéticos corno o conhecimento atual do sistema mensageiro do cálcio, da ação intracelular do Litio assim como relatos e estudos sugerindo a eficácia desta classe de substâncias nas desordens afetivas em especial.

Síndrome maligna do neuroléptico Ocorrência no pavilhão de agudos masculino do Hospital Psiquiátrico de Ribeirão Preto
Luiz Alberto B. Hetem, Luiz Paulo de C. Bechelli
J bras Psiq, 39 (3): 131-134, 1990.
Unitermos: síndrome maligna do neuroléptico; neurolépticos; reações adversas
Resumo
Síndrome Maligna do Neuroléptico é complicação rara, idiossincrática e potencialmente fatal caracterizada por hipertermia, sintomas extrapiramidais severos, sinais de instabilidade do sistema nervoso autônomo e alterações do nível de consciência.
Os autores apresentam relato de caso e discutem alguns aspectos relevantes do assunto.
Concluem que se trata de problema clínico importante devido ao número elevado de pacientes tratados com neurolépticos. Psiquiatras e outros membros da equipe de saúde mental devem estar atentos aos sinais de SMN, a fim de diagnosticá-la precocemente.
Quando se suspeita de SMN, as seguintes providências devem ser tomadas: 1. interrupção de toda medicação psicotrópicas; 2. instituição de medidas de apoio; 3. realização de exames laboratoriais para descartar outras patologias; e 4. uso de terapêuticas específicas.

Julho/Agosto

Reflexões críticas sobre a proposta de prevenção em saúde mental no Brasil
Renato Peixoto Veras, Paulo César Gerardes
J bras Psiq, 39 (4): 157-165, 1990
Unitermos: saúde mental,' prevenção
Resumo
Os autores fazem inicialmente uma revisão da literatura referente à questão teórica da prevenção de um modo geral e particularmente de sua aplicação em saúde mental. A seguir tecem comentários sobre sua aplicabilidade no Brasil, citando exemplos de experiências já empreendidas em território brasileiro. Abordam a questão da importação de conceitos sem a preocupação de uma adaptação à realidade socio cultural brasileira. Concluem advertindo para o perigo do que chamam delírio preventivo que acaba por invalidar os aspectos positivos de uma verdadeira política de prevenção em saúde mental.

Suicídio na infância e adolescência
José Raimundo da Silva Lippi, Ieda Marques Pereira, Karla Vanessa Souza Soares, Walter Camargos Júnior
J bras Psiq, 39 (4): 167-174, 1990.
Unitermo: jovem, adolescente, suicídio
Resumo
Os autores encontraram nas estatísticas-oficiais, em estudo comparativo 73/88, mudanças pouco significativas na incidência de suicídio em menores de 16 anos de idade. Na população geral houve aumento de ocorrências nas cidades do interior do Estado e decréscimo significativo entre as mulheres.
Em 1988, houve 24,8% de suicídios e tentativas na faixa etária de 13 a 21 anos. Num universo de 1.316 dessas ocorrências 25,8% eram jovens!

Abstinência aos benzodiazepínicos Relato de um caso de delirium
Alexandre Lins Keusen
J bras Psiq, 39 (4): 175-177, 1990.
Resumo
Caso de abstinência ao benzodiazepínico sob a forma comercial de um antidistônico. Após a sua suspensão abrupta observou-se o surgimento de um quadro de delirium que remitiu com a reintrodução do
diazepam. O autor faz uma breve revisão do tema, alertando para os riscos do uso destas substâncias sem controle médico.

Demência iniciando com sintomatologia psiquiátrica inespecífica: relato de três casos
Everton Botelho Sougey, José Marcelino Bandin, Terezinha de Jesus Maia Duarte
J bras Psiq, 39 (4): 179-182, 1990.
Unitermos: demência; relato de casos
Resumo
São relatados três casos de pacientes portadores de
demência, cuja forma de início foi dominada por sintomatologia psiquiátrica específica. Estes pacientes possuíam uma história de tratamento psiquiátrico em virtude de terem recebido outros diagnósticos. Chamava atenção a faixa etária relativamente jovem dos pacientes e o fato de que durante a investigação diagnóstica (exceto no caso 3) os exames de rotina, incluindo eletroencefalograma, foram normais. A ausência de resposta terapêutica conduziu a uma extensiva investigação clínica que incluiu avaliação neuropsicológica e tomografia computadorizada de crânio, procedimentos considerados fundamentais para que se pudesse firmar o diagnóstico.

O papel do psiquiatra no hospital geral
Osvaldo Pereira de Almeida
J bras Psiq, 39(4): 183-189, 1990.
Unitermos: interconsulta psiquiátrica; consultoria psiquiátrica; psiquiatria de ligação; psiquiatria no hospital geral
Resumo
Os primeiros serviços de psiquiatria do hospital geral surgiram no início do século nos Estados Unidos e inauguraram uma atividade que vem se ampliando progressivamente em todo o mundo. Essa atividade recebeu o nome de " Consultation-Liaison Psychiatry" nos países de língua inglesa e de Interconsulta ou Consultoria Psiquiátrica em nosso meio. 0 surgimento de literatura e pesquisas especializadas no assunto demonstram o crescente conhecimento e interesse que essa área vem despertando. Além disso, um número cada vez maior de profissionais de saúde mental vêm se dedicando ao trabalho no hospital geral. Neste artigo, procuramos chamar atenção para aqueles que nos parecem ser os principais pontos da atividade do consultorpsiquiátrico, seja no atendimento e tratamento dos pacientes, seja no ensino e pesquisa. Em nosso meio, a atividade do consultor psiquiátrico é, ainda, irregular e pouco sistematizada. É importante investirmos na melhor capacitação dos consultores brasileiros, na formação de novos profissionais com competência em consultoria psiquiátrica e no desenvolvimento de pesquisas de qualidade na área.

Psicanálise das instituições sociais
Walderedo Ismael de Oliveira
J bras Psiq, 39(4): 191-195, 1990.
Unitermos: instituição social, origem; instituição social,. ambivalência
Resumo
0 Autor destaca a importância da investigação psicanalítica acerca do desenvolvimento do ser humano, suas necessidades biológicas, dependência primitiva e
angústias básicas, e suas repercussões em seu funcionamento social. É focalizada a necessidade que tem o indivíduo, de se integrar a uma organização (Sistema Social) que o proteja e permita seu amadurecimento, assim como as angústias e mecanismos presentes nesse processo.
0 Autor refere os estudos de Freud sobre os efeitos frustradores da cultura, bem como os aspectos protetores da organização social, dando ênfase à ameaça constante que representam para a instituição social e os impulsos destrutivos próprios da natureza humana. 0 mesmo destaque é dado aos desenvolvimentos de Melanie Klein sobre a fantasia inconsciente, o mecanismo de identificação projetiva, as 'posições básicas' do desenvolvimento emocional do indivíduo, e suas respectivas angústias. A partir dessa conceituação teórica são consideradas á ambivalência do indivíduo frente à 'instituição social' e a conseqüente ameaça de perda da mesma. A relação primitiva com a mãe (seio) constitui o modelo sobre o qual a criança desenvolve mecanismos que lhe permitem funcionar como um ser social. As relações com a instituição social, desde a família até os grupos mais especializados da cultura, estão marcadas sempre pelo temor à perda e a conseqüente angústia de separação.
São apresentadas três situações em que a perda da instituição (objeto) fica bem evidente, e nas quais as fantasias, angústias e mecanismos também se apresentam em forma elucidativa. No primeiro exemplo podemos observar a origem da instituição social, através da análise de uma situação em que a ameaça de perda do objeto determina a criação de um novo (e idealizado) sistema externo de proteção contra as angústias
paranóicas e depressivas. 0 Autor analisa brevemente uma situação vivida por Saint Exupéry, narrada em Lefélitce. 0 segundo e terceiro exemplos são retirados da sua experiência com grupos terapêuticos, os quais demonstram que, psicanaliticamente, as organizações ou sistemas sociais devem ser interpretados como criações do homem para expressar suas necessidades instintivas e fantasias inconscientes, dentro de normas determinadas, visando finalidades que são compartilhadas pela comunidade a que pertence.

Fontes de erros na aplicação de questionários padronizados para acompanhamento de pacientes dependentes
Mônica Zavaloni Scalco, Jair Constante Soares
J bras Psiq, 39(4): 197-201, 1990.
Unitermos: questionários padronizados, fontes de erro
Resumo
Os autores discutem as fontes de erros na aplicação de questionários padronizados, enfatizando sua aplicação para acompanhamento de pacientes dependentes, e relatando sua experiência com o uso de um instrumento desenvolvido para avaliara efetividade de tratamentos para alcoolistas 

Fatores que influenciam a eficácia do tratamento do doente
Marcos de Noronha
J bras Psiq, 39 (4): 203-207, 1990.
Unitermos: relação terapeuta-cliente; doença; etnomedicina
Resumo
A eficácia do tratamento de um doente não é algo facilmente mensurável se nossa análise for considerara saúde, como se deveria, de uma forma ampla, com seus aspectos biológicos, psicológicos e sócio-culturais. Diversos fatores influenciam o tratamento de um doente, a ponto de uma mesma "terapêutica" ter repercussões diferentes quando administrada por diferentes terapeutas numa determinada sociedade.
Neste artigo pretendo salientar alguns desses fatores, mais especificamente estes decorrentes da relação interpessoal do `cliente com o seu terapeuta'. Nas analogias que alguns autores fazem entre xamanismo e terapias ocidentais, esses fatores são realçados como determinantes da eficácia das abordagens. Embora descontando as dificuldades de se examinar em trabalhos escritos o que se passa no relacionamento entre o terapeuta e seu cliente, pela insuficiência de dados quanto aos fatores que aqui analisamos, esse estudo poderá incitar novas pesquisas. No exame da comunicação interpessoal temos que considerara natureza simbólica da linguagem, seja ela escrita ou falada, e inúmeros processos não verbais, que participam do contexto. Uma análise rigorosa, que não é aqui o nosso propósito, estudaria a comunicação entre o terapeuta e o cliente nos seus detalhes, como a mensagem a ser interpretada, o intérprete da mensagem e a interpretação propriamente dita. Nos contentamos com uma análise ampla dos fatores que influenciam as terapias, sem aprofundarmos em seus detalhes, incluindo observações das técnicas empregadas na entrevista, os antecedentes sócio-culturais dos interlocutores e as condições do encontro.

Estudo comparativo sobre o emprego do cloxazolam e placebo em neurose de ansiedade
Leódia Knijnik, Ellis D'Arrigo Busnello
J bras Psiq, 39(4): 209-212, 1990
Unitermos: ansiedade; cloxazolam
Resumo
0 objetivo do presente estudo foi comparar o
cloxazolam uma substância ansiolítica, com placebo, em pacientes com idade de 50 a 70 anos, portadores de neurose de ansiedade, classificados pelo critério da DSM-III.
Para o estudo, os 199 pacientes envolvidos, 99 (49, 71%) do sexo feminino e 100 (50,3%) do masculino, foram divididos aleatoriamente em dois grupos, a um dos quais foi administrado placebo, e, a outro, cloxazolam, durante quatro semanas, na média de dois a três comprimidos de 2mg ao dia.
Avaliou-se a ansiedade pela escala de Hamilton, pelos sintomas-alvo, impressões globais do médico e impressões globais do paciente. Verificou-se que a melhora obtida pelo cloxazolam foi significativamente maior que a resultante do uso de placebo (p < 0, 001).

Setembro/Outubro

Os conceitos de esquizofrenia e seus efeitos sobre os critérios diagnósticos modernos
Hélio Elkis
J bras Psiq, 39(5): 221-227, 1990.
Unitermos: esquizofrenia; critérios diagnósticos
Resumo
0 autor procura demonstrar que os critérios diagnósticos modernos que definem a esquizofrenia são uma miscelânea de conceitos de diferentes autores. Em seguida mostra as conseqüências desta questão nas pesquisas psicofarmacológicas, genéticas e clínicas.

Avaliação dos avanços recentes em legislação psiquiátrica no plano internacional Uma contribuição ao debate sobre a reforma da lei psiquiátrica no Brasil
Eduardo Mourão Vasconcelos
J bras Psiq, 39(5): 228-235, 1990
Unitermos: lei psiquiátrica, reforma
Resumo
Este pequeno ensaio é uma contribuição ao atual debate sobre a reforma da lei psiquiátrica no Brasil, como um esforço de sistematização das principais mudanças na legislação psiquiátrica no plano internacional, tanto nas questões administrativas como nas estruturas de serviços, admissão e procedimentos hospitalares, e nas salvaguardas legais dos usuários dos serviços psiquiátricos. Dadas as nossas condições específicas neste campo e a complexidade do assunto, é necessário expandir a discussão por todos os interessados neste movimento de reformas no campo psiquiátrico.

Programa ambulatorial para adolescentes psicóticos
Edson Saggese, Ângela de Andrade Pequeno, Maria Esther Delgado Leite, Ana Maria Guedes Albrecht, Cláudia dos Santos Pereira, Elisabete Thamer, Nivaldo Duarte de Marins, Sônia Maria de Carvalho Dantas
J bras Psiq, 39 (5): 237-243, 1990
Unitermos: adolescentes psicóticos; programa ambulatorial
Resumo
Neste artigo são relatados os resultados iniciais de um programa de pesquisa com adolescentes psicóticos, apoiado pela FAPERJ e CNPq e desenvolvido no Serviço Infanto Juvenil do Instituto de Psiquiatria da UFRJ.
0 Programa Ambulatorial reúne recursos psicoterápicos, psicofarmacológicos e de abordagem familiar, procurando manter o adolescente psicótico fora do sistema asilar.
Além da preocupação com a criação de opções que possam impedir a precoce estigmatização e incapacitação dos jovens, são investigadas também questões ligadas ao diagnóstico estrutural da psicose na adolescência.

O paciente homossexual HIV positivo (AIDS) e a morte Monografia de Conclusão do Curso de Especialização no Serviço de
Psiquiatria e Psicologia Médica do Hospital Universitário Pedró Ernesto
Autor: Manoel Xavier de Oliveira Neto, Coordenador do Curso: Oswaldo Luiz Saide, Orientador da Monografia: Júlio de Mello Filho, Agradecimento: Lizete Pontes Macário Costa
J bras Psiq, 39 (5): 244-249, 1990.
Unitermos: AIDS; homossexualidade
Resumo
A AIDS é uma doença rica em particularidades e, entre elas homossexualidade e morte aparecem entrelaçadas.
O autor descreve sua experiência no Hospital Universitário Pedro Ernesto, abordando aspectos teóricos e práticos do acompanhamento de pacientes homossexuais HIV positivo durante a comunicação do diagnóstico e durante as internações em enfermarias.

Anamnese psiquiátrica e clínica, exame físico e exames complementares estruturados e informatizados para aplicação em alcoolistas 
Paulo Borini
J bras Psiq, 39 (5): 250-265, 1990
Unitermos: informatização em medicina
Resumo
Há uma tendência crescente no sentido da informatização da medicina em todos os seus setores. Uma das conseqüências de tal tendência é a necessidade de se dispor de instrumentos que coletando adequadamente as informações permitam que elas sejam computadorizadas para posterior processamento. Com relação ao setor médico voltado para o atendimento de pacientes, este instrumento é a ficha médica que compreende a anamnese, o exame físico e os exames complementares.
O estudo do
alcoolismo é multidisciplinar e cada disciplina faz uso de anamneses médicas particularizadas, que por empregarem diferentes metodologias e critérios na colheita de dados, dificultam a avaliação e compreensão global dos problemas do paciente alcoolista.
Apresentamos um modelo estruturado e informatizável de ficha médica abrangente para as áreas da psiquiatria e da clínica médica que, esperamos, possa beneficiar o trabalho médico e a investigação científica.

O ensino da Psicoterapia Psicanalítica: a indicação e o relato de uma terapia de tempo breve
Theodor S. Lowenkron, Elie Cheniaux Júnior
J bras Psiq, 39(5): 266-271, 1990.
Unitermos: psicoterapia psicanalítica; terapia de tempo breve
Resumo
O artigo descreve uma experiência de ensino de Psicoterapia Psicanalítica realizada para médicos-residentes, onde procurava-se estimula-o emprego da terapia breve, tanto pela condição de tempo de duração do programa de Residência, quanto pela necessidade institucional de encontrar alternativas eficazes para lidar com a demanda de pacientes.
Além da atividade de seminário teórico, baseado em textos sobre Conceitos Psicodinâmicos e Psicoterapia Breve, utilizou-se de um recurso alternativo de ensino, a demonstração de Psicoterapia Psicodinâmica Breve realizada pelo Professor e assistida pelo grupo de médicos-residentes através de sala com espelho unidirecional, seguindo-se de discussão sobre o processo.
Utilizaram-se os critérios de Peter Sifneos para avaliação da paciente para indicação da Psicoterapia Dinâmica Breve, sendo a paciente examinada pelo professor antes. de ser encaminhada para terapia pelo médico-residente.
É apresentado o processo terapêutico realizado pelo médico-residente em 18 sessões com o follow-up que demonstra os resultados obtidos com esta modalidade de experiência.

Farmacologia da amineptina: síntese e atualização
Silvio Garattini, Tiziana Mennini
J bras Psiq, 39(5): 272-275, 1990
Unitermos: amineptina; antidepressivo; farmacologia; captação de dopamina: efeitos bioquímicos
Resumo
A
amineptina é um antidepressivo tricíclico com a capacidade única de diminuir seletivamente a captação de dopamina (DA) sem afetar a captação de noradrenalina (NA) e serotonina (5HT). O efeito é demonstrado tanto In vivo como in vitro através do uso de metodologia apropriada. A amineptina pode ser diferenciada da anfetamina tanto com base em parâmetros farmacológicos como bioquímicos. In vivo a amineptina aumenta o ácido homovanílico estriatal sem afetar os níveis de outros metabólitos da DA, nomeadamente, o ácido 3,4, dihidrozoxifenilacético (DOPAC) e 3-metoxitramina (3M7). No entanto, usando doses relativamente altas de amineptina, o nível extracelular de DOPAC avaliado pelo uso de pulso voltamétrico - diminui preferencialmente no núcleo accumbens, mas não no estriado. O tratamento crônico com amineptina, tal como com outros antidepressivos, induz uma 'down-regulation" dos receptores alfa-adrenérgicos. A amineptina penetra no cérebro e seus efeitos farmacológicos são provavelmente devidos mais à forma inalterada do que a seus dois metabólitos principais.

Novembro/Dezembro

Alcoolismo Rápida indução do "beber controlado" pela associação carbamazepina - buspirona Resultados preliminares
Luiz Roberto Mallat-Tostes
J bras Psiq, 39 (6): 285292, 1990.
Unitermos: alcoolismo; carbamazepina; buspirona
Resumo
Este artigo apresenta os resultados preliminares de um estudo piloto, "naturalístico'; sobre a eficácia da associação de
carbamazepina com a buspirona no tratamento do alcoolismo (Síndrome de Dependência ao Álcool, de acordo com a DSM-III-R). De uma amostra de 14 pacientes ambulatoriais, 12 conseguiram obter pleno controle sobre a ingestão de bebidas alcoólicas. Nos dois restantes, a carbamazepina teve que ser suspensa devido a efeitos colaterais. Na maioria dos casos, o "beber controlado" foi observado nas duas primeiras semanas de tratamento, ocorrendo de forma natural, sem qualquer 'força de vontade" especial ou abordagem psicoterápicas. Nenhum paciente tornou-se abstêmio. Não se verificou nenhuma reação áversiva nem qualquer interação medicamentosa adversa. Os dois medicamentos foram iniciados com doses muito baixas, que foram aumentadas rapidamente, até o surgimento de efeitos colaterais. Pequenos aumentos nas doses dos medicamentos foram então feitos a intervalos regulares, em virtude do efeito de indução de enzimas hepáticas da carbamazepina, de forma a se atingir a maior dose tolerada para cada uma das substâncias. Os ajustes das doses foram feitos em bases puramente clínicas e as doses definitivas só foram estabelecidas no terceiro ou quarto mês. Em pacientes em uso de benzodiazepínicos, quando doses moderadas de carbamazepina foram atingidas, estes foram gradativamente reduzidos, até serem suspensos. Nos pacientes com síndromes depressivas associadas, o "beber controlado" foi observado várias semanas antes de uma redução significativa nos sintomas depressivos. Cinco casos, incluindo o de pior resposta terapêutica, são descritos em detalhes. Esses resultados são discutidos à luz do conceito de alcoolismo' como um distúrbio autônomo, envolvendo tanto as considerações teóricas quanto as conseqüências para a prática clínica. Uma atenção especial é dada ao problema de co-morbidade. Estudos controlados, duplo-cegos, sobre a eficácia dessa associação no tratamento do alcoolismo estão justificados e precisam levar em consideração as propriedades da carbamazepina de induzir enzimas hepáticas. Um desenho relativamente simples é sugerido.

As depressões maiores Características clínicas e terapêuticas
Sandra Odebrecht Vargas Nunes
J bras Psiq, 39 (6): 293-296, 7990.
Unitermos: depressão maior; diagnóstico; tratamento; prevenção
Resumo
A autora revisa conceitos atuais, diagnóstico operacional, fenomenologia, correlatos biológicos e tratamento da depressão maior. Cerca de 15% das mortes em pessoas com
depressão maior é pelo suicídio consumado, e a prevenção de suicídio poderá ser feita pelo reconhecimento e tratamento da depressão.

A psicoterapia de grupo de orientação psicanalítica no tratamento da depressão
Liliana A. M. Guimarães, Maria Lúcia Domingues, Bruno Thebaldi
J bras Psiq, 39 (6): 297-300, 1990.
Unitermos: depressão; psicoterapia de grupo
Resumo
Os autores discutem a viabilidade do tratamento farmacológico associado ao tratamento psicoterápico e a indicação de psicoterapia na
depressão. Revisam a literatura a respeito da técnica psicoterápica nos pacientes deprimidos, ressaltando a psicoterapia de grupo de orientação analítica. É apresentado um caso de depressão tratado com associação de psicoterapia breve de grupo de orientação analítica e farmacoterapia com nítidos sinais de melhora. Finalmente discutem os critérios de melhora na avaliação da psicoterapia e a necessidade de novos estudos para aprimoramento da técnica.

Depressão e filicídio
Cláudio Eduardo Muller Banzato
J bras Psiq, 39 (6): 301-306, 1990.
Unitermos: depressão; filicídio
Resumo
Este estudo revisa a literatura psiquiátrica recente sobre o homicídio patológico enfatizando a relação entre
depressão e filicídio. São apresentados e discutidos dois casos clínicos de tentativa de filicídio seguido de tentativa de suicídio, observados pelo autor. Algumas considerações psicanalíticas são formuladas com o intuito de investigara possível relação do filicídio com a teoria psicanalítica da depressão.

Estudo clínico e biológico em deprimidos tratados com amineptina
C.A. Mendonça Lima, S. Vandel, M. Sandoz, P. Bechtel, R. Volmat
J bras Psiq, 39 (6): 307-318, 1990.
Unitermos: depressão; teste ao TRH; hormônios hipofisários; metabólitos das monoaminas; amineptina
Resumo
A resposta do GH, TSH e da PRL ao TRH foi estudada em 10 pacientes mulheres hospitalizadas antes e depois de 21 dias de tratamento pela
amineptina.
A eliminação urinária do MHPG (total, glucuronídeo, sulfato), 5 HIAA e HVA também foram estudados um dia antes dos dois testes TEH e após 5 dias de um regime pobre em tiramina.
Nenhuma conclusão foi possível a partir do GH, TSH, PRL, HUA e 511lAA. 0 MHPGtotal foi diminuído significativamente com o tratamento, devido à redução da fração glucuronídeo.
Esta ação no metabolismo da noradrenalina tem urna origem periférica. Nenhuma correlação foi possível entre o MHPG e outros resultados clínicos e biológicos.
A redução do MHPG glucuronídeo não foi verificada em nove mulheres deprimidas tratadas com desimipramina durante 21 dias. A redução do MHPG glucuronídeo parece resultar da ação da amineptina.

A reorientação do campo psicanalítico nos anos 80
Jane Araújo Russo
J bras Psiq, 39 (6): 319-324, 1990

Suplemento 1

Prevalência de depressão em um centro de atenção primária
Dorgival Caetano, Florindo Stela
J bras Psiq, 39 supl. 1: 5S-8S, 1990.
Unitermos: transtornos depressivos, avaliação
Resumo
Os autores investigam a prevalência momentânea dos transtornos
depressivos em um Centro de Atenção Primária de Saúde. Utilizando como instrumentos de pesquisa o Standardized Assessment of Depressive Disorders (WHOISSADD), a Escala de Depressão de Zung e a Análise de Discurso, verificaram que 41(39, 8 %) dos 103 pacientes estudados apresentam transtornos depressivos, i.e., escore total na escala de Zung _ 40. Apenas sete (171) desses pacientes tiveram diagnóstico aproximado de depressão dado pelo clínico geral. Os autores apontam para a necessidade de preparação adequada dos generalistas no sentido de identificarem os quadros depressivos e melhor lidarem com eles em sua prática, evitando-se a cronificação desses pacientes.

Depressões resistentes: estudo retrospectivo de 11 casos
Renato Luiz Marchetti, Mauro Aranha de Lima
J bras Psiq, 39 supl. 1: 9S-17S, 1990.
Unitermos: depressão resistente
Resumo
Os autores revisam 11 casos de
depressão resistente e analisam fatores clínicos e psicossociais de mau prognóstico e os resultados de diversos tratamentos clínicos realizados.
As conclusões são as seguintes: os fatores associados com mau prognóstico foram sexo feminino, idade avançada, antecedentes familiares de distúrbio afetivo monopolar, antecedentes pessoais de episódios afetivos prévios, internações prévias para tratamento de depressão e tentativas de suicídio, depressão crônica com ansiedade significante, dois ou mais fatores psicossociais agravantes e alterações tomográficas cerebrais. Este padrão é semelhante àquele descrito por Thase e Kupfer em estudos anteriores.
Os autores concluem que uma especificação mais rigorosa com subdivisão da depressão resistente em diferentes subgrupos é necessária porque a resistência a tratamento clínico parece ser um fenômeno multifatorial com diferentes aspectos sintomatológicos, fisiopatológicos e terapêuticos.

Depressão crônica: relato de casos e fatores associados
Doris Hupfeld Moreno, Ricardo Alberto Moreno
J bras Psiq, 39 supl. 1: 18S-21S, 1990.
Unitermos: depressão crônica, fatores associados
Resumo
Os autores apresentam revisão crítica de estudos recentes sobre fatores associados à cronificação das
depressões e discutem o conceito. Cinco casos selecionados do ambulatório do Grupo de Estudos de Doenças Afetivas são apresentados para ilustrara presença de fatores demográficos, psicossociais, clínicos e antecedentes familiares possivelmente relacionados à cronificação. Ao final discute-se a relação entre cronificação e resistência a tratamentos antidepressivos, visando alertar para a necessidade de terapêutica vigorosa e global dos deprimidos crônicos.

Conceito de depressão atípica
Luiz Paulo de C. Bechelli, Luiz Alberto B. Hetem, Lucila B. Hetem
J bras Psiq, 39 supl. 1: 22S-26S, 1990.
Unitermos: depressão; depressão atípica
Resumo
Os autores fazem revisão da evolução do conceito de depressão atípica. 0 termo foi inicialmente empregado em 1948, por Huston e Locker para descrever pacientes depressivos com agitação e idéias paranóides. Entretanto, esta denominação passou a ser adotada e reconhecida a partir da proposição de Mest, Dally e Sargant (1958/62), para referir pacientes com depressão não endógena, associada a estados de ansiedade com características fóbicas, obsessivas e histéricas. Nos últimos anos, diversos pesquisadores têm empregado o critério operacional de Liebocvitze colaboradores, em que é dado ênfase à reatividade do humor, sintomas funcionais reversos (aumento do apetite ou de peso, e hipersonia) e à sensação de rejeição ou alta sensibilidade interpessoal.
Apesar do termo
depressão atípica ser muito empregado em determinados países, há poucas pesquisas quanto à nosologia, epidermiologia, prevalência e genética. Os estudos têm se reduzido à validação pela resposta aos inibidores da monoaminoxidase. A denominação ainda tem validade limitada.

Ciclagem rápida: apresentação de um caso e proposta de abordagem
Márcia Britto de Macedo-Soares, Denise Gama de Sousa, Doris Nupfeld Moreno
J bras Psiq, 39 supl. 1: 27S-29S, 1990.
Unitermos: ciclagem rápida, tratamento
Resumo
Os autores discutem definição e aspectos clínicos do
Distúrbio Afetivo Bipolar com ciclagem rápida, analisando-se possíveis fatores associados a início e manutenção do quadro. Através do relato de um caso, é sugerida uma proposta de abordagem para avaliação e tratamento da ciclagem rápida.

Exames subsidiários para o diagnóstico de depressão
Ricardo Alberto Moreno, Doris Hupfeld Moreno
J bras Psiq, 391supl.1: 30S-32S, 1990.
Unitermos: diagnóstico; depressão; testes neuropsicoendócrinos; DST; TSH, TRH
Resumo
Há uma extensa literatura sobre provas laboratoriais em psiquiatria. Nos transtornos do humor houve muito entusiasmo e chegou-se a propor vários testes como marcadores biológicos de traço e de estado de
depressão e como preditores de resposta a tratamento. Este entusiasmo inicial foi diminuindo no decorrer dos anos e hoje os testes laboratoriais têm um papel mais limitado à pesquisa dos mecanismos envolvidos nos diversos sistemas biológicos comprometidos na depressão. Os testes neuropsicoendócrinos podem auxiliar o psiquiatra na detecção de doenças médicas que coexistam e que interfiram como fator causal, de piora ou de mau prognóstico na depressão.

Epidemiologia e genética dos distúrbios de humor
Oswaldo Frota-Pessoa
J bras Psiq, 39 supl. 1: 33S-42S, 1990.
Unitermos: genes de distúrbio de humor; poligenes comutativos
Resumo
Explica-se como se localizaram três genes moduladores da predisposição aos distúrbios de humor (doenças afetivas,
psicose maníaco-depressiva): um deles no cromossomo 2 e dois no cromossomo 10. Apresenta-se a classificação moderna dos distúrbios de humor. Revêem-se os dados sobre filhos adotivos e sobre gêmeos, que provam a influência de genes e de fatores ambientais na etiologia dessas afecções. Assinalam-se suas prevalências na população e seus riscos de morbidade nas famílias dos afetados. Conclui-se que o distúrbio de humor tem determinação multifatorial poligênica, o que dá conta da transição contínua que existe entre as formas reconhecidas de distúrbios de humor com base nesse tipo de herança, propõe-se uma explicação para as contradições que têm ocorrido no campo da localização molecular de genes de predisposição ao distúrbio de humor e à esquizofrenia. Avança-se, por fim, a hipótese dos poligenes e polimemes comutativos para explicar a concentração concomitante do distúrbio de humor e de alcoolismo nas mesmas famílias.

Características de personalidade e distúrbio afetivo bipolar estudo preliminar
José Alberto Del Porto, Mary Alves Miranda, Marcos Pacheco de Toledo Ferraz
J bras Psiq, 39 supl. 1: 43S-47S, 1990.
Unitermos: personalidade; distúrbios afetivos; distúrbio maníacodepressivo; distúrbio bipolar
Resumo
Com a finalidade de estudar possíveis características de personalidade associadas com o distúrbio afetivo bipolar os autores administraram um inventário de auto-avaliação de
personalidade (o "Minnesota Multiphasic Personality Inuentory') a 50 pacientes, após remissão de sua sintomatologia manifesta. Nossos resultados são discutidos em comparação com os dados da literatura e hipóteses existentes. Discutem-se também aspectos metodológicos concernentes à avaliação de características de personalidade e sua relação com agrupamentos nosológicos.

Tratamento de depressão pelo médico geral
Jorge Paprocki
J bras Psiq, 39 supl. 1: 49S-59S, 1990.
Unitermos: depressão; tratamento de depressão
Resumo
0 autor apresenta alguns elementos básicos que julga necessários para habilitar o clínico geral a pensarem termos de prescrição de antidepressivos. São abordados no artigo os seguintes tópicos: prevalência e importância dos distúrbios depressivos; o atendimento e a trajetória habitual do paciente
deprimido; abordagens terapêuticas gerais dos estados depressivos; tratamento farmacológico dos distúrbios depressivos, e recomendações gerais para o uso de antidepressivos por parte do clínico geral.
Nestas últimas são mencionados os seguintes aspectos: a necessidade de boa identificação dos sintomas alvos; a necessidade do bom conhecimento do perfil terapêutico das drogas; do tateamento da dose em função da tolerância; do tateamento da dose em função da eficácia; da observação do tempo de latência para o início da ação; de observação do tempo de uso suficiente e interrupção gradual; da explicação para o paciente e familiares das metas do tratamento; da preparação do paciente e da família para os efeitos colaterais; da necessidade de avaliação freqüente dos resultados esperados; da utilidade de monitorização laboratorial, e de levar em conta os fatores inespecíficos e ambientais.

Tratamento farmacológico da depressão refratária
Luiz Roberto Mallat-Tostes
J bras Psiq, 39 supl. 1: 61S-71 S, 1990.
Unitermos: depressão refratária; depresso resistente; antidepressivos
Resumo
O autor revê as principais estratégias utilizadas no tratamento dos quadros depressivos de difícil controle medicarnentoso. Após enfatizara importância de um diagnóstico clínico preciso nos quadros depressivos, são apresentados os dados mais recentes sobre a eficácia dos tricíclicos, dos inibidores da monoaminoxidase, dos novos antidepressivos e da convulsoterapia. As características clínicas e farmacológicas dos pacientes que apresentam o fenômeno dos ciclos rápidos são resumidas. A importância de algumas associações medicamentosas como antidepressivos com
lítio, hormônios tireoidianos ou precursores de monoaminas, bem como da associação de antidepressivos com neurolépticos no tratamento da depressão com sintomas psicóticos e do uso combinado de tricíclicos e IMAOs é apresentada de forma sucinta e voltada para a prática clínica diária.

Monitorização dos níveis plasmáticos dos antidepressivos tricíclicos e resposta clínica
Irismar Reis de Oliveira, Pedro Antônio Schimidt do Prado-Lima
J bras Psiq, 39 supl. 1: 73S-76S, 1990
Unitermos: antidepressivos tricíclicos; eficácia clínica; níveis plasmáticos
Resumo
Apresentamos uma revisão de literatura sobre os níveis plasmáticos dos antidepressivos tricíclicos (ADT) e sua relação com a eficácia clínica.
lmipramina, nortriptilina e amitriptilina são os ADT mais estudados a este respeito. Embora não haja consenso sobre a utilidade da monitorização de rotina dos níveis plasmáticos dos ADI, a maioria dos autores concordam que a determinação das concentrações plasmáticas, pelo menos de certos antidepressivos, pode ter algumas indicações.

Níveis plasmáticos dos antidepressivos tricíclicos no paciente idoso
Irismar Reis de Oliveira
J bras Psiq, 39 Isupl. 11: 77S-78S, 1990.
Unitermos: antidepressivos Tricíclicos; eficácia clínica; níveis plasmáticos, paciente idoso
Resumo
Apresentamos uma revisão dos níveis plasmáticos dos antidepressitios tricíclicos e sua relação com a eficácia clínica. Os dados disponíveis, embora limitados, parecem indicar que os pacientes deprimidos idosos requerem níveis plasmáticos semelhantes aos dos pacientes mais jovens. Pelo menos no que diz respeito à
nortriptilina e à desipramina, as doses-padrão podem ser usadas de forma segura e eficaz nos pacientes geriátricos, a monitorização dos níveis plasmáticos sendo útil na identificação dos pacientes susceptíveis de apresentarem efeitos colaterais cardíacos.

Terapia cognitiva da depressão
Myrian Vallias de Oliveira Lima
J bras Psiq, 39 supl. 1: 79S-82S, 1990.
Unitermos: cognição; depressão, modelo cognitivo da, terapia cognitiva da; terapia cognitiva, relacionamento terapêutico
Resumo
Embora existam outros modelos de terapia cognitiva, foi abordada neste texto a Terapia Cognitiva da Depressão de Beck.
De acordo com Beck, a depressão consiste em uma tríade primária de padrões cognitivos (visão negativa de si mesmo, do mundo e do futuro), que é mantida por cognições distorcidas (erros sistemáticos). Os conceitos de premissas e esquemas são usados para integrar as distorções cognitivas, que caracterizam o pensamento do deprimido. Os esquemas depressogênicos são modelados através da história de vida do indivíduo.
A TC é estruturada e diretiva e exige grande cooperação do cliente. Através do processo terapêutico cognitivo, o cliente é levado a submeter suas assunções depressogênicas a uma crítica racional. Há a reconstrução e a refutação ou mudança de lógica das premissas básicas. Isto reduz o nível "basal" "negativo" da emoção ou humor.
A TC é eficaz nas depressões unipolares e tem um papel profilático. 0 objetivo da TC é a modificação "profunda "das estruturas da identidade pessoal.
Um caso é relatado para exemplificar a cadeia de assunções num cliente deprimido.

Terapia biológica e psicológica das depressões
Carol Sonenreich
J bras Psiq, 39 supl. 1: 83S-92S, 1990.
Unitermos: depressão
Resumo
Para tratar depressões propõe-se antidepressivos
tricíclicos, IMAO, tranqüilizantes menores, neurolépticos, litio, eletrochoques, aplicações de luz, privação do sono, psicoterapias. Cada um desses procedimentos é considerado superior, inferior ou igual aos outros; eficiente, ineficiente ou prejudicial. A associação de dois ou mais procedimentos é recomendada ou proscrita. Os subtipos de depressão são também controversos, o que não permite a escolha de um tratamento para cada subtipo. A única constante, com respeito a todos os itens debatidos, é a existência das contradições. Considerando que esta se deve à má conceituação das doenças, propomos: não diagnosticar pela soma de sintomas (quaisquer que sejam), mas em função da extensão do campo vivencial, a velocidade dos processos psicomotores e a relação entre estes parâmetros.
Para doentes com estreitamento do campo vivencial e lentificação, usamos antidepressivos (achando em princípio, os IMAO, dispensáveis). Para doentes com estreitamento do campo vivencial e aceleração usamos benzodiazepínicos. A grande agitação, delirante ou não, em campo estreitado pode ser tratada com neurolépticos. Tratamos com ECT casos que associamos com presença de zonas inertes de inibição no SNC Sempre baseamos a intervenção em hipóteses fisiopatológicas.
Associar medicamentos de várias categorias nos parece desnecessário e às vezes francamente perigoso.
A psicoterapia permite corrigir uma atividade cerebral alterada, por meios psicológicos. Nossa opção é para uma análise de inspiração existencial.
A intenção é de substituir a uma terapia empírica, procedimentos que decorrem de hipóteses patogênicas