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O que é a bulimia?
É o transtorno alimentar caracterizado por episódios recorrentes
de "orgias alimentares", no qual o paciente come num curto espaço
de tempo grande quantidade de alimento como se estivesse com muita fome. O paciente
perde o controle sobre si mesmo e depois tenta vomitar e/ou evacuar o que comeu,
através de artifícios como medicações, com a finalidade
de não ganhar peso.
Generalidades
Existe uma tendência popular em achar que a bulimia é o contrário
da anorexia. A rigor o contrário da anorexia seria o paciente achar que
está muito magro e precisa engordar, vai ganhando peso, tornando-se obeso
e continua a julgar-se magro e continua comendo. Isso seria o oposto da anorexia,
mas tal quadro psiquiátrico não existe. Na bulimia o paciente
não quer engordar, mas não consegue conter o impulso para comer
por mais do que alguns dias. O paciente com bulimia tipicamente não é
obeso porque usa recursos extremos para eliminar o excesso ingerido. Enquanto
a comunidade psiquiátrica mundial não reconhecer o binge como
uma patologia à parte seremos obrigados a admitir que há 2 tipos
de pacientes com bulimia: os que tentam eliminar o excesso ingerido por vômitos
ou laxantes e os pacientes bulímicos que não fazem isso e acabam
engordando, esse segundo tipo pode vir a constituir num outro transtorno alimentar,
o Binge. Os pacientes com bulimia geralmente apresentam 2 a 3 episódios
por semana, o que não significa que no resto do tempo esteja bem. Na
verdade esses episódios só não são diários
ou mesmo mais de uma vez ao dia porque o paciente está constantemente
lutando contra eles. Esses pacientes pensam em comer o tempo todo. A média
de fracassos na tentativa de conter o impulso são duas vezes por semana.
Como é o bulímico?
Basicamente é um paciente com vergonha de seu problema, com sentimento
de inferioridade e auto-estima baixa. O paciente reconhece o absurdo de seu
comportamento, mas por não conseguir controlá-lo sente-se inferiorizado,
incapaz de conter a si mesmo, por isso vê a si como uma pessoa desprezível.
Procura esconder dos outros seus problemas para não o desprezarem também.
Quando existe um bom motivo como ganhar muito dinheiro o paciente pode até
sujeitar-se a expor seu problema, como vimos no programa Big Brother primeira
edição de 2002 na TV Globo. Os pacientes bulímicos geralmente
estão dentro do seu peso ou um pouco acima. Tentativas de dieta estão
sempre sendo realizadas. Tentativas de adaptar os afazeres e compromissos rotineiros
com os episódios de ingestão e auto-indução de vômito
tornam seu estilo de vida bizarro, pois os episódios devem ser feitos
às escondidas, mesmo das pessoas íntimas. Uma alternativa para
a manutenção de seu problema escondido é a opção
pelo isolamento e distanciamento social, que por sua vez gera outros problemas.
Assim como a anorexia a Bumilia geralmente ocorre no adolescente, predominantemente
nas mulheres. Os assuntos das conversas preferidos são relacionados a
técnicas de emagrecimento. É comum o comportamento de esconder
alimentos para futuros episódios.
É interessante notar que a bulimia não constitui uma completa
perda do controle. O paciente consegue planejar seus episódios, esperar
para ficar sozinho e guardar alimentos, por exemplo. Essa incapacidade parcial
é intrigante para os leigos. Muitas vezes os maridos das pacientes julgam
que a paciente faz tudo porque quer e critica a esposa aumentando sua culpa.
Essa atitude deve ser evitada, pois além de não ajudar, atrapalha
diminuindo ainda mais a auto-estima da paciente que sucumbe aos esforços
por tratar-se. A bulimia muitas vezes sucede aos episódios de anorexia.
Tratamento
Os antidepressivos tricíclicos já foram testados e apresentaram
respostas parciais, ou seja, os pacientes melhoram, mas não se recuperam
completamente. Carbamazepina e lítio também foram testados com
uma resposta ainda mais fraca. Os antidepressivos IMAO também apresentam
uma melhora similar a dos tricíclicos, porém melhor tolerado pelos
pacientes por terem menos efeitos colaterais. Mais recentemente os antidepressivos
inibidores da recaptação da serotonina vêem sendo estudados
com boas respostas, mas não muito superiores às dos tricíclicos.
Os estimulantes por inibirem o apetite também apresentaram bons resultados,
mas há poucos estudos a respeito para se embasar uma conduta terapêutica.
Muitos pacientes só com psicoterapias apresentam remissão completa.
Não há uma abordagem especialmente recomendada. Pode-se indicar
a psicanálise, a terapia cognitivo-comportamental, terapias de grupo,
grupos de auto-ajuda, psicoterapias individuais.
Problemas Clínicos
Os repetidos episódios de auto-indução do vômito
geram problemas noutros sistemas do corpo. Ao se vomitar não se perde
apenas o que se comeu, mas os sucos digestivos também. Isso pode acarretar
desequilíbrio no balanço dos eletrólitos no sangue, afetando
o coração, por exemplo, que precisa de um nível adequando
dessas substâncias para ter seu sistema de condução elétrica
funcionante. As repetidas passagem do conteúdo gástrico (que é
muito ácido) pelo esôfago acabam por ferí-lo podendo provocar
sangramentos. Casos extremos de rompimento do estômago devido ao excesso
ingerido com muita rapidez já foram descritos várias vezes. O
intestino grosso pode sofrer conseqüências pelo uso repetido de laxantes
como constipação crônica, hemorróidas, mal estar
abdominal ou dores.
Última Atualização:
15-10-2004
Fontes Liv 01 Liv
14 Psychiatry Research 2001; 103 15-26
Self-Destructiveness and Serotonin Function in Bulimia Nervosa
Howard Steiger