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O que é?
A demência de Alzheimer (pronuncia-se
al-tz-rrai-mer) é um transtorno progressivo que mata lentamente as células
nervosas do cérebro. Foi identificado pela primeira vez em 1907 pelo
clínico alemão Alois Alzheimer. Aproximadamente 1 em cada 20 idosos
com 65 ou mais anos de idade é acometido pela doença. Quanto mais
avançada a idade, maiores as chances de surgir a demência. Um estudo
mostrou que 47% dos idosos com mais de 85 anos de idade sofrem de demência
de Alzheimer.
Um caso de demência no
início
A título ilustrativo citamos aqui um caso real, denominado Senhora Y,
típico da demência de Alzheimer.
O primeiro fato significativo, provavelmente envolvido no quadro demencial ocorreu
um ano antes do diagnóstico ser feito: foi uma explosão de raiva
por motivo banal, fato atípico da Sra Y ao longo de seus 72 anos de idade.
O marido da Sra Y notou que ela estava misturando fatos não relacionados
recentemente e acabaram discutindo por causa disso. Ela passou a esquecer-se
do aniversário dos netos e a perder-se enquanto dirigia o carro em locais
próximos de casa. Notando o que se passava consigo a Sra Y sentiu-se
amedrontada. As pessoas próximas, amigos e parentes notaram a mudança
em sua memória, mas todos consideraram algo passageiro e comum "da
idade".
Até este momento não era possível ter certeza sobre o que
estava acontecendo com a saúde da Sra Y. É hora de ir ao médico
e investigar o que pode estar causando esse quadro. Medicações?
Problemas clínicos? Demência?
A demência de Alzheimer não afeta apenas a memória: prejudica
a capacidade de raciocínio lógico, altera a personalidade e o
comportamento, além de outras funções mentais. As pessoas
só desconfiam de demência quando vêem um idoso ter falhas
da memória. Na verdade as mudanças no comportamento são
suficientes para se suspeitar deste problema.
Sintomas
Inicialmente as pessoas que sofrem de demência de Alzheimer desenvolvem
mudanças quase imperceptíveis da personalidade e perda de memória
para os fatos recentes. Elas se cansam, se aborrecem e ficam ansiosas com mais
facilidade. O padrão de perda da memória é diferente daquele
que todos temos como simples esquecimento. Normalmente esquecemos o que se passou
há muito tempo e lembramos mais os fatos recentes. Na demência
de Alzheimer segue-se o padrão inverso: esquece-se primeiro o que se
aprendeu por último. Assim os pacientes com Alzheimer lembram-se da infância,
dos próprios pais, do casamento ou fatos semelhantes. Isso dá
a falsa impressão aos familiares de que a memória do paciente
está boa. À medida que a doença progride a pessoa vai esquecendo
mesmo os fatos mais antigos, deixando de reconhecer o cônjuge e os filhos,
por exemplo; este seria um estágio já bem avançado. A dificuldade
da memória seria basicamente a de apreender fatos novos. Os trajetos
costumam ser um bom parâmetro de acompanhamento da doença: inicialmente
os pacientes conseguem seguir caminhos familiares, mas perdem-se em caminhos
para lugares desconhecidos. Outra manifestação dos estágios
moderados é a repetição da mesma pergunta várias
vezes. Se a doença se aprofunda o paciente passa a se perder mesmo nos
locais familiares. Não é raro ver pacientes que se perdem dentro
da própria casa, não conseguindo chegar a um determinado cômodo.
Nos estágios iniciais os pacientes tentam encobrir as falhas com desculpas
ou com histórias inexistentes. É comum também o surgimento
de depressão: isso confunde mais ainda o quadro que pode não ter
sido devidamente diagnosticado. A depressão pode e deve ser tratada,
a recuperação do estado de ânimo leva a um melhor desempenho
da memória. Já na perda pela demência, a memória
perdida não é recuperável.
Estas pessoas não conseguem tomar as melhores decisões e irritam-se
com os familiares que tentam ajudar em tarefas simples como o preenchimento
de formulários ou na conferência do balanço bancário.
A operação de máquinas ou veículos se torna perigosa,
pois os reflexos estão bastante comprometidos. Nessa fase o nome dos
amigos começa a ser esquecido, bem como as atividades sociais: por conta
disso os pacientes acabam se isolando.
Além da memória, a demência leva a uma deterioração
da capacidade de raciocínio e julgamento. Também ao descontrole
dos impulsos e da conduta. Aos poucos a capacidade de ler e de executar as tarefas
habituais vai se perdendo. No fim a pessoa não consegue nem mesmo realizar
sua higiene pessoal, atividades motoras básicas como desabotoar uma camisa
ou andar sozinho. O sono pode ficar alterado e o paciente fica andando pela
casa a noite, sem objetivo. Desorientação quanto ao tempo e espaço
podem surgir. Com isso o paciente confunde-se quanto à época em
que está. Passa a não conseguir distinguir o real do imaginário
e a ter idéias de perseguição ou mesmo alucinações
visuais. As emoções podem ficar perturbadas com manifestações
inapropriadas e desconexas, chorando ou rindo sem motivo. Agitação,
ansiedade, idéia de que estão lhe roubando ou escondendo as coisas
também podem aparecer. Aos poucos o paciente perde completamente o contato
com a realidade. Contudo nem sempre a demência de Alzheimer progride a
esse ponto. Muitos casos estacionam ficando o paciente com apenas uma perda
parcial das funções. Nem todos os pacientes chegam ao estágio
mais profundo da doença.
Diagnóstico
Muitos leigos ao se informarem sobre o quadro
clínico da demência de Alzheimer, como aqui oferecido, acreditam poder
fazer o diagnóstico de um parente próximo que está apresentando
problemas no comportamento. O diagnóstico não é elementar
nem precisa ser feito na primeira visita. Antes de afirmar o diagnóstico
o médico deve excluir as causas reversíveis e tratáveis.
Alterações que provocam quadros semelhantes à doença
de Alzheimer:
1. Depressão
2. Reação a medicações e interações
medicamentosas
3. Transtornos que causem o desequilíbrio hidroeletrolítico do
sangue como diabetes, desnutrição, avitaminoses (como a falta
de vitamina B12 no alcoolismo), problemas tireoideanos, alterações
no metabolismo do sódio e do cálcio
4. Problemas cardíacos ou pulmonares que afetem a nutrição
e oxigenação do cérebro
5. Exposição a substâncias poluentes ou tóxicas como
mercúrio, monóxido de carbono, poluentes industriais, pesticidas,
alcoolismo crônico
Todas essas situações são tratáveis e reversíveis
pelo menos em parte. É necessário agir no tempo certo, pois a
prolongação da exposição ao agente agressor torna
a lesão irreversível e o dano irreparável. Por isso é
importante antes de se fechar o diagnóstico, ter excluído essas
doenças.
Apesar do quadro demencial ser um só, há várias doenças
que levam à demência. A mais comum é a demência de
Alzheimer, depois vem a demência multi-infarto, a demência por esclerose
múltipla, por Parkinson, Huntington e por Creutzfeld-Jakob (a doença
da vaca louca). Essas demências assim como a de Alzheimer são progressivas
e incontroláveis. Apenas a por Parkinsonismo começa a ser controlada
atualmente.
Última Atualização:
15-10-2004
Ref. Bibliograf: Liv 01 Liv
09 Liv 13 Liv
21 Ref 336