Transtornos
Dissociativos Transtornos relacionados por semelhança ou classificação |
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Generalidades
Estes transtornos são os mais explorados pela indústria cinematográfica,
dada sua curiosa forma de apresentação. O aspecto central dos
transtornos dissociativos (ou também chamados conversivos) é a
perda total ou parcial de uma função mental ou neurológica.
As funções comumente afetadas são a memória, a consciência
da própria identidade, sensações corporais, controle dos
movimentos corporais. Esses acometimentos estão por definição
ligados a algum evento psicologicamente estressante na vida do paciente cuja
ligação o paciente costuma negar e conseqüentemente o psiquiatra
precisa de auxílio para detectar.
Dada a comprovação da inexistência de um fator físico
detectável, sua rápida instalação e a preservação
das demais funções mentais e neurológicas, as pessoas diretamente
prejudicadas pelo distúrbio do paciente consideram simuladores. Esses
casos ainda não foram inteiramente compreendidos o que não significa
que sejam simulações. Reconhecemos nossa ignorância e justamente
por ela não temos como negar sua existência. Por enquanto admite-se
a existência da paralisia neurológica e psiquiátrica, uma
de bases definidas, outra de bases indefinidas justamente como foi no passado
com a neurologia.
Amnésia
Dissociativa
O principal aspecto é a perda da memória, usualmente para eventos
recentes importantes, graves o suficiente para serem tomados como simples esquecimento.
Deve ser comprovada a impossibilidade de uma causa orgânica como medicamentos
ou problemas cerebrais. A amnésia costuma acontecer para eventos traumáticos
como acidentes ou perdas inesperadas, podendo ser específica para determinados
temas, por exemplo: numa determinada boate onde ocorreu um incêndio o
paciente não se recorda dos comentários de outras pessoas a respeito
do cheiro de fumaça instantes antes do pânico generalizado; também
não se lembrar de alguém que tentava orientar a multidão
ou outra pessoa que tentou ajudá-la, somente dos doces, das bebidas,
das músicas e com quem conversou. Na maioria das vezes o paciente sabe
que perdeu parte da memória, alguns aborrecem-se com isso, outros ficam
indiferentes e despreocupados. Os adultos jovens, os adolescentes e as mulheres
são os mais acometidos por esse problema.
Há técnicas como a hipnose ou outras formas de relaxamento que
permitem ao profissional experiente penetrar na parte "esquecida"
da mente do paciente e fazê-lo contar o que houve. Em certos casos, psicoterapias
podem também fazer com que o paciente se conscientize do que presenciou.
Fuga Dissociativa
Na fuga dissociativa o indivíduo repentinamente perde todas suas recordações,
inclusive de sua própria identidade. Inesperadamente essa pessoa muda-se
de localidade, de cidade ou de estado, assumindo uma outra identidade, função
e vida por vários dias. Durante esse período não se lembra
nada de sua vida passada nem tem consciência de que se esqueceu de algo.
Durante esse período seu comportamento é compatível com
as normas sociais de maneira que ninguém percebe algo errado naquela
pessoa, exceto por ser um forasteiro. Vive de forma simples, um pouco recluso,
com modéstia. Subitamente recobra toda a memória, excetuando-se
o período enquanto viveu a fuga dissociativa. Com o restabelecimento
da memória a pessoa recobra sua vida anterior. Raramente esse episódio
dura meses: comumente dura dias ou horas.
Despersonalização
/ Desrealização
A desrealização é a alteração da sensação
a respeito de si próprio, enquanto a despersonalização
é a alteração da sensação de realidade do
mundo exterior sendo preservada a sensação a respeito de si mesmo.
Contudo ambas podem acontecer simultaneamente. A classificação
norte-americana não distingue mais a desrealização da despersonalização,
encarando-as como o mesmo problema.
Contrariamente ao que o nome pode sugerir, a despersonalização
não trata de um distúrbio de perda da personalidade: este problema
inclusive não tem nenhuma relação com qualquer aspecto
da personalidade normal ou patológica.
O aspecto central da despersonalização é a sensação
de estar desligado do mundo como se, na verdade, estivesse sonhando. O indivíduo
que experimenta a despersonalização tem a impressão de
estar num mundo fictício, irreal mas a convicção da realidade
não se altera. A desrealização é uma sensação
e não uma alteração do pensamento como acontece nas psicoses
onde o indivíduo não diferencia realidade da "fantasia".
Na despersonalização o indivíduo tem preservado o senso
de realidade apesar de ter uma sensação de que o que está
vendo não é real. É comum a sensação de ser
o observador de si próprio e até sentir o "movimento"
de saída de dentro do próprio corpo de onde se observa a si mesmo
de um lugar de fora do próprio corpo.
A ocorrência eventual das sensações de despersonalização
ou desrealização é comum. Algumas estatísticas falam
que aproximadamente 70% da população em geral já experimentou
alguma vez esses sintomas, não podendo se constituir num transtorno enquanto
ocorrência esporádica. Porém se acontece continuamente ou
com freqüência proporcionando significativo sofrimento, passa a ser
considerado um transtorno. A severidade pode chegar a um nível de intensidade
tal que o paciente deseja morrer a continuar vivendo.
O diagnóstico desse transtorno dissociativo só pode ser feito
se outros transtornos foram descartados como as síndromes psicóticas,
estados de depressão ou ansiedade, especialmente o pânico. Nessas
situações as despersonalizações e desrealizações
são comuns constituindo-se num sintoma e não num transtorno à
parte.
Não há tratamento eficaz conhecido para esses sintomas isoladamente.
Personalidade
Múltipla
Ao contrário do que poderia parecer, este transtorno nada tem a ver com os transtornos
de personalidade, está classificado entre os transtornos dissociativos
porque existem várias personalidades dentro de uma só pessoa e
essas personalidades não são necessariamente patológicas.
No transtorno de personalidade não há amnésias, mas uma
conduta rotineiramente inadaptada socialmente.
O aspecto essencial da personalidade múltipla é a existência
de duas ou mais personalidades distintas dentro de um indivíduo, com
apenas uma delas evidenciando-se a cada momento. Cada personalidade é
completa, com suas próprias memórias, comportamento e gostos de
forma bastante elaborada e complexa. As personalidades são bastante independentes
umas das outras sendo possível inclusive terem comportamentos opostos,
por exemplo, uma sendo sexualmente promíscua e outra recatada. Em alguns
casos há completo bloqueio de memória entre as personalidades,
noutros casos há conhecimento podendo gerar rivalidades ou fraternidades.
O observador externo que só conheça uma das personalidades não
notará nada de anormal com esta pessoa. As personalidades podem ser do
sexo oposto, ter idades diferentes e até de outras raças.
O primeiro episódio de mudança de personalidade pode ser precedido
de um evento forte como uma tragédia. Com o passar do tempo essa pessoa
pode continuar tendo as "viradas" na personalidade sem fatores precipitantes.
A mudança de uma personalidade para outra pode ser súbita ou ocorrer
numa espécie de período confusional transitório, pode acontecer
durante uma sessão de relaxamento ou de psicoterapia.
Nada se sabe a respeito das causas desse transtorno, mas admite-se que é
mais freqüente do que se suspeitava antigamente. Atualmente as psicoterapias
são as únicas formas de abordagem dos casos. Não há
uma medicação eficaz.
Transtorno
Dissociativo Motor
Os transtornos motores são os mais comuns do grupo das dissociações.
As queixas que esses pacientes costumam apresentar são fraqueza ao realizar
um determinado movimento, andar instável ou inseguro, movimentos anormais,
tremores, contrações involuntárias. Os sintomas costumam
se intensificar quando o paciente é observado. Apesar dessas queixas
dificilmente esses pacientes se ferem, ao contrário do que acontece nos
casos neurológicos propriamente ditos. Esse distúrbio é
aproximadamente cinco vezes mais comum em mulheres do que em homens. Um aspecto
que muitas vezes chama a atenção é a relativa acomodação
com a situação. Ao contrário de uma pessoa que repentinamente
passa a necessitar de uma cadeira-de-rodas, por exemplo, esses pacientes reagem
com relativa tranqüilidade e indiferença a sua incapacidade física,
não se importando com seu problema.
Transtorno
Dissociativo Sensitivo
É equivalente ao transtorno motor sendo a função neurológica
afetada, mais freqüentemente a sensorial, o tato, a audição
e a visão. Podem manifestar-se com perda parcial ou completa das sensações
táteis de determinada área do corpo, principalmente as extremidades
(pés e mãos). Nestes casos todas as funções táteis
costumam estar acometidas para o toque, para a dor e para a temperatura. Assim
o paciente queixa-se de anestesia num lado inteiro do corpo ou nas mãos
ou pés. Os órgãos dos sentidos especiais como audição,
visão podem ser afetados provocando surdez, visão turva, cegueira,
visão em túnel. Tanto ambos os lados podem ser acometidos simultaneamente
como de um lado só. Novamente esses pacientes não se ferem por
causa de seu transtorno, mas se isso acontecer como fato isolado não
se poderá excluir o diagnóstico. Tanto as alterações
motoras como as sensoriais costumam ser limitadas a um período de tempo
com completa recuperação posterior, mas o mesmo quadro ou outro
semelhante pode surgir após a recuperação.
Última
Atualização: 15-10-2004
Ref. Bibliograf: Liv 01 Liv
02 Liv 04