Estudo Prospectivo sobre Discinesia Tardia em Idosos: Taxas e Fatores
de Risco
Introdução
- Os primeiros estudos identificaram de forma consistente a discinesia
tardia mais incidente nos pacientes de idade avançada, sendo também
nesses casos de maior gravidade e resistência à remissão.
Alguns trabalhos encontraram os seguintes resultados: noventa e nove pacientes
geriátricos internados sem nunca terem feito uso de neurolépticos
previamente, iniciaram o tratamento na internação com neurolépticos.
Estes pacientes foram reexaminadas 5 anos mais tarde. Fazendo uma correlação
entre o tempo de uso e a incidência de discinesia tardia verificou-se
uma proporcionalidade direta. Os pacientes que fizeram uso por 12 meses
de neurolépticos apresentaram uma incidência de 23%, entre
13 e 24 meses de tratamento de 50%, de 25 a 36 meses de 33%, de 37 a 48
meses de 57%, de 49 a 60 meses de 46%. Além do tempo de uso, verificou-se
também uma relação com a idade. Os idosos mais jovens
eram mais sensíveis que os idosos mais velhos. Sintomas depressivos
e abuso de álcool também se mostraram como fatores de predisposição.
Os homens foram mais atingidos que as mulheres.
Outro estudo com 266 pacientes acima de 45 anos de idade que não
apresentavam movimentos anormais no início do estudo foi levantado
pelos autores do presente trabalho. Neste estudo os pacientes foram tratados
com baixas doses de neurolépticos. Depois de um ano, 26% dos pacientes
apresentavam discinesia tardia, depois de 2 anos 52% e depois de 3 anos
60%. Os fatores relacionados ao aparecimento da discinesia foram: 1- maior
quantidade de uso de neurolépticos de alta potência 2- história
de alcoolismo 3- nível de movimentos anormais mais elevados antes
de iniciar o tratamento com neurolépticos. Não se encontrou
relação com grupos étnicos, sexo e incidência
de outros efeitos colaterais sobre os neurolépticos.
Métodos - O presente estudo foi elaborado a partir de 261
pacientes provenientes de diferentes centros psiquiátricos, com
55 anos de idade ou mais, que estavam começando a tomar neurolépticos
e não apresentavam movimentos involuntários anormais. Diferentes
escalas de avaliação foram adotadas para medir a intensidade
dos movimentos anormais da discinesia, além de escalas de avaliação
de sintomas psicóticos. As características da população
recrutada estão na tabela abaixo.
Resultados
A análise das características da população
mostrou os seguintes dados:
fatores que não influem na incidência de discinesia: sexo,
raça, nível de escolaridade, hábito de fumar, abuso
de substâncias psicoativas, uso de medicações anti-colinérgicas,
outros problemas médicos (pacientes diabéticos apresentaram
um nível um pouco maior de incidência de discinesia, sem,
contudo, ser isso estatisticamente significativo).
Fatores que aumentaram o surgimento de discinesia: realização
de ECT (eletroconvulsoterapia) e sinais extra-peramidais precoces foram
os mais fortemente relacionados a discinesia. Outros distúrbios
mentais também serviram de fatores predisponentes. Os mais fortemente
ligados são: transtornos do humor, esquizofrenia, demência
tipo multi-infarto e, menos intensamente, demência de Alzheimer.
Discussão
Conhecidos os fatores de aumento de risco para discinesia tardia deve-se
passar a evitar o uso de neurolépticos, principalmente os de alta
potência. Resta agora repetir o estudo com pacientes em tratamento
com neurolépticos atípicos com menos efeitos extrapiramidais
como a clozapina, risperdal ou olanzapina.
Última Atualização:
29-10-2004
Referências Biblio.:
Am
J Psychiatry 1998; 155: 1531-1538
Estudo Prospectivo sobre Discinesia Tardia em Idosos: Taxas e Fatores
de Risco
Identificação de
Fatores de Risco para Discinesia Tardia por Tratamento Prolongado com
Neuroléptico
A finalidade desse
trabalho é identificar variável demográfica, e fatores
de risco para o desenvolvimento de Discinesia Tardia nos pacientes que
fazem uso de neurolépticos. Para isso 398 pacientes em uso de neurolépticos
foram acompanhados mensalmente durante 6 anos. O tempo de uso dessas medicações
pelos pacientes variou de 3 meses a 33 anos na ocasião do início
do estudo. O diagnóstico de discinesia tardia foi dado pelo surgimento
de movimentos anormais, ainda que leves, em duas ou mais entrevistas.
Até o fim do estudo haviam surgido 62 casos novos; isto significou
um risco de 20% em cinco anos de uso de neurolépticos. Os fatores
predisponentes encontrados foram os seguintes: idade (mais velho, mais
risco), dose administrada (quanto maior a dose maior a chance de surgir
discinesia), indivíduos brancos foram menos afetados que os não
brancos. A idade em que se usou pela primeira vez aparentemente não
afetou o surgimento da discinesia. Apesar dos primeiros cinco anos de
uso de neurolépticos serem os que mais propiciam o surgimento da
discinesia, depois desse período continuam aparecendo casos novos
embora menos freqüentes. Os autores recomendam a redução,
tanto quanto possível, sem prejudicar o tratamento, mas reduzindo
a chance de incidência de discinesia tardia.
Referências
Biblio.:
Arch Gen Psychiatry 1993; 50:723 733
Identifying risk factors of tardive dyskinesia among long-term outpatients
maintained with neuroleptic medications: results of the Yale Tardive Dyskinesia
Study.
Morgenstern H
Achados sobre Discinesia
Tardia
Numa área
geográfica restrita 141 pacientes psiquiátricos de longa
data de uma unidade de hospital dia, os pacientes foram estudados quanto
ao desenvolvimento de discinesia tardia. Foram consideradas as variáveis
em relação ao tratamento, os aspectos sociais, funcionamento
psicológico e características sintomáticas das doenças
tratadas. Encontrou-se uma associação entre sintomas parkinsonianos
e o tempo de uso dos serviços psiquiátricos com a discinesia
tardia. Encontrou-se também uma ligação entre a dose
dos neurolépticos e com a presença de transtornos afetivos.
Pacientes com sintomas afetivos desenvolvem mais discinesia tardia quando
tomam neurolépticos do que os pacientes esquizofrênicos ou
paranóides em uso da mesma medicação. A realização
de ECT só precipitou a discinesia em pacientes com distúrbios
afetivos, e não em pacientes com sintomas psicóticos. Ao
contrário de outros estudos, não se achou aqui uma relação
entre o tempo de uso dos neurolépticos e a incidência da
discinesia, nem com a idade do paciente. Talvez desvios metodológicos
tenham afetado a coleta e análise dos dados.
Referências
Biblio.:
Psychol
Med 1993; 23:453 465
New findings on tardive dyskinesia in a community sample.
O Hara P
Estudo Cego controlado
Comparativo entre Haloperidol e Olanzapine Quanto a Discinesia Tardia
A olanzapina é
um novo tipo de neuroléptico que atua de forma seletiva sobre o
sistema dopaminérgico, além de atuar também nos receptores
serotonérgicos, muscarínicos e adrenérgicos. O propósito
deste estudo é comparar o início da discinesia tardia nos
pacientes em uso de haloperidol e olanzapina. Os dados foram coletados
através de questionários padronizados por entrevistadores
que desconheciam a medicação tomada pelo paciente. O grupo
de pacientes em uso de olanzapina totalizou 707 indivíduos com
uma dose média de 20mg/dia por um período de 237 dias. O
grupo com haloperidol totalizou 197 indivíduos com uma dose média
de 20 mg/dia durante 203 dias. Esses pacientes não tinham evidências
de movimentos anormais no início do estudo. A comparação
dos dois grupos mostrou que a incidência de discinesia foi significativamente
inferior nos pacientes em tratamento com a olanzapina. Esses achados confirmam
que o perfil de efeitos colaterais da olanzapina é mais seguro
para os tratamentos de longa duração que o das medicações
do grupo do haloperidol.
Referências
Biblio.:
Am
J Psychiatry 1997; 154:1248 1254
Blind, controlled, long-term study of the comparative incidence of treatment-emergent
tardive dyskinesia with olanzapine or haloperidol.
Tollefson GD
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